A Paixão pela supremacia de Deus — Parte 1

Razões para vir à Paixão 97 1

Primeira razão

Desejo começar dizendo algumas das razões por que estou aqui. Uma das grandes vantagens de ser pastor de uma igreja local por 16 a 17 anos é que, com o passar dos meses e anos, a visão da igreja e a visão do pastor se tornam uma. Há aproximadamente um ano, produzimos uma declaração de visão expressa assim:

Existimos para difundir uma paixão pela supremacia de Deus em todas as coisas para a alegria de todas as pessoas.

Penso que posso dizer, sem qualquer hesitação, que esta é minha missão de vida como também a missão de Bethlehem Baptist Church (Igreja Batista Belém). Assim, quando recebi um convite, li sobre esta conferência e vi a palavra “paixão” e percebi a verdade por trás de Isaías 26,8: “Esperamos no teu nome e na tua memória; este é o desejo de nossa alma” — Fui fisgado.

Quero difundir uma paixão pela supremacia de Deus em todas as coisas para a alegria de todos vocês e todas as pessoas deste mundo. Assim, esta é a razão número um por que estou aqui.

Segunda razão

A segunda razão é que desejo ser fósforos para acender sua alegria. Quero que você deixe este lugar emocionado e feliz em Deus.

Terceira razão

E a terceira razão é: quero que você veja da Escritura que ambas — a primeira e a segunda razões — são a mesma razão. Elas são uma. Isto é, difundir uma paixão pela supremacia de Deus e ser feliz em Deus são virtualmente idênticos. Porque Deus é mais glorificado em você quando se está mais satisfeito nele.

Há a sentença que será repetida frequentemente: Deus é mais glorificado em você quando se está mais satisfeito nele. Assim, os cânticos que cantamos e o anseio que expressamos são formas de dar glória a Deus. Porque, quanto mais encontramos nossa satisfação nele, mais bebemos profundamente dele e comemos à mesa do banquete que está nele; mais sua dignidade e sua autossuficiência são magnificadas. Portanto, não há competição — e esta é a maravilha, é o Evangelho que descobri em 1968, 1969 e 1970, quando Deus fez uma obra em minha vida. Não há competição entre a paixão de Deus de ser glorificado e sua paixão de ser satisfeito, porquanto, elas são uma.

Há outra maneira de expressar essa terceira razão por que estou aqui: para derreter uma geleira. Tenho em mente uma imagem. Ela surgiu de Mateus 24. Em Mateus 24,12, examinando o fim da era, Jesus declara: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos”. Fico aterrorizado até a morte se esfriar meu amor. Odeio a ideia de que meu amor por Deus ou meu amor pelas pessoas um dia vai secar ou esfriar. Contudo, Jesus afirma: “Isto está próximo!” Está próximo como uma geleira sobre o mundo. Assim, parte de minha expectativa pelos últimos dias é que a iniquidade se multiplicará e o amor se esfriará de quase todos. Agora, isso poderia ser uma descrição muito desoladora dos últimos dias.

Mas se você prosseguir lendo Mateus 24, indo até o versículo 13, o texto afirma: “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo”. Portanto, alguém vai perseverar. E o versículo seguinte exclama: “E será pregado este Evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então virá o fim”. Agora, coloque o versículo 12 juntamente com o versículo 14 e veja se sente a tensão. “A iniquidade se multiplicará e o amor se esfriará de quase todos”, mas “este Evangelho do reino” — do reinado soberano de Cristo — será difundido por todo o mundo. Então, virá o fim.

Agora, há uma tensão entre aqueles dois versículos. A razão por que sei que há é porque não são as pessoas frias que irão levar o Evangelho de volta aos seus campi. Não são as pessoas frias que irão levar o Evangelho aos povos não alcançados do mundo. Agora, como sei disso? Porque, se você retornar a dois versículos, para o versículo 9, descobrirá algo em uma palavra profética que é muito, muito diferente. O texto afirma: “Então, sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, em virtude do meu nome”. Jesus diz. Agora, se isso é verdade — se nós seremos entregues às autoridades em nosso trabalho missionário, se seremos mortos, se seremos odiados por todas as nações para as quais iremos — sei certamente de um fato: não são as pessoas frias que estão proclamando essa mensagem. São adoradores abrasados do rei Jesus que farão essa obra. Portanto, o que percebo nos versículos 9-14 de Mateus 24 é que, como o fim dos tempos se aproxima, haverá um povo que se esfriará e há um povo que será quente o suficiente para entregar suas vidas por Jesus dentre todos os povos do mundo.

Desse modo, meu ministério em Bethlehem Baptist Church e minha chegada aqui é para derreter a geleira. Apresentei essa ilustração certa vez em minha igreja e uma garotinha de 6 ou 7 anos de idade veio até mim, depois do culto — encorajei as crianças em minha igreja a desenhar meus sermões — e ela disse: “Aqui está o que vi”. Ela havia desenhado uma maravilhosa geleira com Minneápolis escrita nela; o desenho tinha um pequeno homem segurando uma tocha e havia uma abertura na geleira, no topo. Acima da geleira havia muita luz do sol descendo pela abertura.

Agora, aqui está minha escatologia em poucas palavras. Se você imagina como seu campus vai ser quando Jesus vier, ou como será a cidade de Austin, ou Minneápolis, ou de onde você vier como será: a geleira está se movendo e muitas pessoas estão se esfriando em relação a Deus — estão secando e se esfriando — mas não há nada na Bíblia sobre o fim dos tempos que declara: “Bethlehem Baptist Church” ou mesmo “Minneápolis”, ou, digo, “a universidade do Texas em Austin tem que estar debaixo dessa geleira”. Nada! Se há povo o suficiente com tochas acesas e quentes para Deus, queimando a geleira, uma grande brecha pode ser aberta por todo o seu campus, por toda sua igreja local e mesmo em toda sua cidade. E é por esse motivo que estou aqui. Desejo erguer minha tocha.

Spurgeon costumava dizer na Inglaterra, aproximadamente há cem anos, quando ele pregava no Metropolitan Tabernacle: “As pessoas vêm para me ver queimar”. Elas vinham para pegar a pequena tocha tremeluzente, acender e cravá-la em minha tocha, sair e queimar por mais outra semana por Jesus. Ficaria emocionado se você trouxesse uma tocha tremeluzente aqui esta manhã e a colocasse em meu fogo. É por essa razão que estou aqui.

O propósito desta mensagem: construir um fundamento

Há um fundamento que desejo construir. Minha tarefa é falar a respeito de viver para a glória de Deus, tendo uma paixão por essa glória. Tenho duas mensagens: esta manhã e amanhã de manhã. Esta manhã é o fundamento e amanhã é a aplicação.

O fundamento é este: sua paixão pela supremacia de Deus em todas as coisas é baseada exatamente na paixão de Deus pela supremacia dele em todas as coisas. Sua centralidade em Deus — se permanecer firme — tem que ser arraigada na centralidade de Deus. Se deseja que Deus seja supremo em sua vida, você tem que ver, crer e amar a verdade de que Deus é supremo na vida dele mesmo. Se quiser que Deus seja seu tesouro — como cantamos a respeito aqui — para que o aprecie mais que qualquer outra coisa que tenha visto e crido que o tesouro de Deus é ele mesmo; Deus se aprecia mais que qualquer outra coisa. Não podemos sonegar a Deus o prazer mais sublime no universo: a adoração a Deus. Este é o fundamento. E é sobre isso que desejo falar hoje.

E, em seguida, amanhã desejo falar a respeito de sua busca pela felicidade em Deus e que essa busca é necessariamente inferida na busca de Deus por sua glória na sua vida.

Deus ama sua glória

Permita-me começar com uma pequena história. Falei na Universidade de Wheaton — a universidade onde me eduquei — há aproximadamente oito ou nove anos. Foi minha primeira oportunidade de falar nesta capela grande, iluminada, azul e bela. E me levantei e disse: “O fim principal de Deus é glorificá-lo e gozar a si mesmo para sempre”. E todos os meus amigos que estavam em pé na galeria disseram assim: “Oh, não, ele acabou com sua primeira chance na própria universidade onde se educou e onde deveria falar para os estudantes que retornaram após 20 anos e ele cita de forma errada o Breve Catecismo de Westminster sem hesitar e diz o fim principal de Deus em vez de o fim principal do homem”. E para grande alívio deles, prossegui a afirmar que “eu realmente quis dizer isto”. E, de fato quis declarar isto esta manhã: o fim principal de Deus é glorificar a Deus e gozar a si mesmo para sempre.

Cresci na casa de um evangelista. Meu pai, Bill Piper, ensinou-me desde quando eu era realmente muito pequeno o versículo de 1 Coríntios 10,31: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”. E isso é a origem de minha vida para a glória de Deus é que Deus vive para a glória de Deus.

Jamais vi alguma lição de escola dominical que dissesse: “Deus ama a si mesmo mais que ama você e nisso reside a única esperança para que ele possa amá-lo, assim como você é: indigno”. Nunca li que em uma lição de escola dominical, e é por isso que trabalhamos no currículo na Bethlehem Baptist Church. A maioria de nós cresceu em casas e em Igrejas onde ficávamos entusiasmados com respeito a sermos cristãos ao ponto de pensar que Deus estava inflamado a nosso respeito, não no mesmo nível que ficávamos entusiasmados com respeito ao Deus centrado nele mesmo.

É muito fácil, em um mundo centrado no homem, onde a autoestima é a virtude mais elevada, ser um cristão no nível que a autoestima apoia que você teria feito de qualquer forma, sem Deus. Quem não seria cristão? Bem, você não é cristão se apenas ama o que já amou sem ser confrontado com a perfeição de um Deus centrado nele mesmo. Se Deus é apenas um meio para seu progresso pessoal e exaltação, em vez de ver nele algo infinitamente glorioso como o Deus consumido com a manifestação de sua glória, então você precisa verificar sua conversão. Desse modo, é uma grande realidade verificar isso aqui em Austin na Conferência da Paixão 97. Pouquíssimas pessoas jamais me disseram ou me demonstraram o que agora vejo na Bíblia, que Deus me escolheu para sua glória.

Eu me lembro de ensinar em Efésios 1, em 1976, a atividade que chamávamos “Interino” na Bethel College naqueles dias e trabalhei, ao meu modo, de maneira sistemática os 14 versículos de Efésios e tendo meu mundo livre novamente. Porque três vezes — versículos 6, 12 e 14 —afirma-se que Deus nos escolheu nele antes da fundação do mundo e ele nos predestinou para sermos seus filhos, para louvor da glória de sua graça.

Ele escolheu você. Por quê? Para que sua glória e graça pudessem ser louvadas e magnificadas. Sua redenção é glorificar a Deus. Sua eleição é glorificar a Deus. Sua regeneração é glorificar a Deus. Sua justificação é para a glória de Deus. Sua santificação é para a glória de Deus. E um dia sua glorificação será uma absorção na glória de Deus.

Você foi criado para a glória de Deus

Isaías 43,6-7: “Trazei meus filhos de longe e minhas filhas, das extremidades da terra, a todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para minha glória, e que formei, e fiz”.

Deus salvou seu povo Israel do Egito para sua glória

“Nossos pais, no Egito, não atentaram às tuas maravilhas; não se lembraram da multidão das tuas misericórdias e foram rebeldes junto ao mar, o mar Vermelho. Mas ele os salvou por amor do seu nome, para lhes fazer notório o seu poder (Salmo 106,7-8).

Em outras palavras, Deus dividiu o mar Vermelho e salvou seu povo rebelde para que ele fizesse conhecido seu poder. E a fama do nome de Deus se difundiu até Jericó e salvou uma prostituta de modo que, quando os sacerdotes estavam preparados para soar as trombetas, ela nasceu de novo devido ao que disse: “Porque temos ouvido que o Senhor secou as águas do mar Vermelho...”. E uma mulher e sua família creram no Deus centrado nele mesmo e escaparam da destruição.

Deus teve misericórdia de Israel no deserto para sua glória

Deus salvou Israel no deserto frequentemente. “Mas a casa de Israel se rebelou contra mim no deserto”, Ezequiel diz, citando Deus. “Então, eu disse que derramaria sobre eles o meu furor… O que fiz, porém, foi por amor do meu nome, para que não fosse profanado diante das nações” (Ezequiel 20,13-14) E, então, finalmente, Deus os envia para o julgamento na Babilônia e, depois de 70 anos, os amou. Ele não quebrará seu pacto de noivado e trará seu povo de volta. Mas por quê? Qual é o motivo arraigado no coração de Deus?

Atente para isso em Isaías 48: “Por amor do meu nome, retardarei a minha ira e pela minha honra me conterei para contigo, para que te não venha a exterminar. Eis que te acrisolei, mas disso não resultou prata; provei-te na fornalha da aflição. Por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto; por que como seria profanado o meu nome? A minha glória, não a dou outrem” (Isaías 48,9-11). Esse é um motivo centrado em Deus para que ele exerça misericórdia.

Jesus veio e morreu para a glória de Deus

Jesus veio ao mundo por qual razão? Ó, quantas vezes citamos João 3,16. E isso é gloriosamente verdadeiro. E, antes que façamos isso esta manhã ou pelo menos amanhã de manhã, você verá essa ênfase agora mesmo e essa ênfase que você conhece por longo tempo, provavelmente, não está em desacordo.

Mas por que ele veio? Por que Jesus veio? De acordo com Romanos 15,8, ele veio por esta razão: “Digo, pois, que Cristo foi constituído ministro da circuncisão, em prol da verdade de Deus, para confirmar as promessas feitas aos nossos pais; e para que os gentios glorifiquem a Deus pela sua misericórdia”. Cristo veio a terra, assumiu a forma humana e morreu para que vocês dessem glória ao seu Pai pela misericórdia. Ele veio por seu Pai. Essa é a principal razão pela qual ele veio devido à glória do Pai. E sua glória atinge o ápice no transbordamento da misericórdia.

Atente para esta palavra em Romanos 3,25: “Deus propôs o sangue de Cristo como propiciação, para manifestar sua justiça” Isso ocorreu para que Deus provasse no tempo presente que ele mesmo é justo. É por essa razão que Cristo morreu. Para vindicar a justiça de Deus que havia tolerado pecados como o adultério e o assassinato cometidos por Davi. Esse fato jamais o incomodou que Deus tolerou esses pecados e Davi continuou a ser rei? Bem, isso incomodou a Paulo nas profundezas de seu ser que Deus não era justo por haver tolerado pecados. E não foi somente Davi. Havia milhares de santos no Antigo Testamento e hoje cujos pecados ele simplesmente esquece e tolera. E Paulo clama: “Como o Senhor pode ser Deus e fazer isso? Como o Senhor pode ser justo e agir assim? Como o Senhor pode ser digno de adoração e se comportar assim?” Se algum juiz em Austin fizesse isso, seria afastado da magistratura em um minuto, se ele absolvesse um pedófilo, um estuprador, um assassino — “e o Senhor faz isso todos os dias, que tipo de Deus é o Senhor”?

Se a cruz é a solução para um megaproblema teológico, a saber, como Deus pode ser Deus e perdoar pecados? Cristo veio para vindicar Deus para a salvação de pessoas como vocês. A salvação é magnífica e um ato centrado gloriosamente em Deus.

Jesus está retornando para receber a glória

Por que ele está vindo novamente? Jesus está voltando, amigos, está voltando. E permita-me lhe dizer por que ele está voltando e o que você pode fazer quando ele voltar para que fique preparado e faça o que deve ser feito.

2 Tessalonicense 1,8-10: “... os que não obedecem ao Evangelho... Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram...”. Você percebe esses dois fatos? Ele está vindo para ser glorificado, magnificado em seus santos e ser admirado. Se você não começar a fazer essas coisas agora, você não será capaz de fazê-lo quando ele vier.

Essa conferência existe para acender um fogo em seus ossos, mentes e corações a fim de prepará-los para encontrar o rei Jesus de modo que você possa continuar a fazer por toda a eternidade que ele o criou para fazer, isto é, admirá-lo e magnificá-lo.

Precisamos magnificar a Deus como telescópios

Magnificá-lo, mas não semelhante a um microscópio. Você sabe a diferença entre os dois tipos de magnificência, ou não sabe? Há um telescópio magnificente e um microscópio magnificente e é blasfêmia magnificar Deus como um microscópio. Fazer isso é tomar algo pequenino e fazê-lo parecer maior do que de fato é. Se tentar fazer isso com respeito a Deus, você blasfema. Mas um telescópio coloca sua lente em expansões inimagináveis de magnitude e tenta fazê-los ser vistos exatamente como são. É para isso que um telescópio é útil.

Brilho, brilho, pequenas estrelas. Você olha para o céu à noite e elas parecem pontos luminosos. Mas não é isso o que são. Você sabe disso. Você está na universidade, certo? Elas são grandes. Elas são realmente grandes e elas são quentes! E você não tem uma pista exceto de que uma vez alguém inventou um telescópio, colocou os olhos nisso e eles pensaram: “Ela é maior que a terra; milhões de vezes maior que a terra”. Essa é a forma de Deus. Sua vida existe para condensar a glória de Deus para o seu campo de visão. Esse é um grande chamado. Vou falar como amanhã.

Se Deus é centrado nele, como pode ser amável?

Aqui, está a questão central que desejo com ela encerrar, porque sei que ela começa a surgir aqui. Já disse essa verdade, que Deus é o Deus centrado nele e que essa centralidade em Deus é a origem de minha centralidade em Deus. Tenho dito isso por sete anos para as pessoas e a pergunta começa a surgir: “Isso não parece amável, porque a Bíblia diz em 1 Coríntios 13,5: ’O amor não procura seus interesses‘. E você nos diz agora, pelos últimos 15 minutos, que Deus dedica todo o seu tempo procurando satisfazer seus próprios interesses. Assim, ou Deus não é amável ou você é um mentiroso”. E isso é um grande problema. Portanto, permita-me tentar responder como Deus é amável em buscar sua própria autoexaltação.

A ajuda de C. S. Lewis

Encontrei o segredo em C. S. Lewis. Se algum de vocês já leu Desiring God (Desejo de Deus), então lembre-se desta citação. Lewis foi um pagão até os 20 anos de idade e odiou a vaidade de Deus. Lewis disse que toda vez que lia as palavras nos Salmos: “Louvai ao Senhor, Louvai ao Senhor” — e ele sabia que era realmente Deus dizendo: “Louvai-me, Louvai-me” e Deus pareceu uma mulher procurando por elogios. Essa é uma citação de Reflexões nos Salmos. E então, repentinamente, Deus veio até a vida de C. S. Lewis. E é isso que ele escreveu:

Mas o fato mais óbvio sobre o louvor — se a Deus ou a qualquer coisa — é que, estranhamente, esse conceito me escapou. Considero o louvor em termos de elogio, aprovação, ou dar honra. Jamais notei que todo o prazer flui espontaneamente em louvor a menos (às vezes, mesmo se) que a timidez ou o temor de aborrecer os outros é deliberadamente introduzido para reprimi-lo. O mundo ressoa o louvor — namorados louvam suas amadas, leitores seus poetas favoritos, caminhantes apreciam a região da zona rural, jogadores louvam seus jogos favoritos — o louvor do clima, vinhos, pratos, atores, cavalos, universidades, países, personagens históricos, crianças, flores, montanhas, selos raros, besouros raros, mesmo às vezes, políticos e eruditos. Minha maior dificuldade, de um modo geral, com respeito ao louvor a Deus, estava relacionada à minha noção absurda da negação disso a nós, quanto ao que é supremamente valioso, que temos prazer em fazer, que de fato não podemos ajudar a fazer, sobre o tudo mais que valorizamos.

E aqui apresento as afirmações-chave

Penso que temos prazer em louvar o que amamos porque o louvor não é completo até que ele seja expresso. Não é devido ao louvor que os enamorados continuam dizendo uns aos outros como são belos. O prazer é incompleto até que seja expresso.

Agora, isso foi uma chave para mim que abriu algo com referência a como Deus pode ser amável e exaltar a si mesmo em tudo o que ele faz. Esse fato parece ser assim. Permita-me juntar as peças para você.

A resposta para a questão

Se Deus deve amá-lo, o que ele precisa lhe conceder? Ele precisa lhe conceder que seja o melhor para você. A melhor coisa em todo o universo é Deus. Se ele tivesse que lhe conceder toda a saúde, o melhor emprego, a melhor esposa, o melhor computador, as melhores férias, o sucesso máximo em qualquer campo e, contudo, reter a si mesmo, então ele te odiaria. E se ele lhe der a si mesmo e nada além disso, ele o ama infinitamente.

Preciso ter Deus para a minha felicidade se Deus deve ser amável para mim. Agora, Lewis disse que, se Deus lhe der a si mesmo para que você tenha prazer por toda eternidade, esse prazer não se consumará até que expresse isso em louvor. Portanto, para que Deus o ame plenamente, ele não pode ser indiferente se você consome seu prazer pelo louvor ou não. Por conseguinte, Deus precisa buscar seu louvor se você deve amá-lo. Isso faz sentido? Gostaria de saber se deveria avaliar esse fato por você novamente. Essa é a essência de minha vida. Creio que essa é a essência da Bíblia.

Para amar você, Deus precisa lhe conceder o que seja melhor para você. Deus é o que há de melhor para você. “Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Salmo 16,11). Deus concede a si mesmo para nós para nosso prazer. No entanto, Lewis mostra para nós que, a menos que esses prazeres encontrem expressão no louvor a Deus, os prazeres são restritos. E, por conseguinte, Deus não deseja restringir seu prazer de maneira alguma. Deus diz: “Louve-me. Em tudo que você fizer, louve-me. Em tudo que você fizer, exalte-me. Em tudo que você fizer, tenha paixão por minha supremacia”, que simplesmente significa que a paixão de Deus por ser glorificado e sua paixão por se regozijar e estar satisfeito não estão em desacordo. Estão juntas. Deus é mais glorificado em você quando está mais satisfeito nele.

Agora, este é o fim dessa preleção matinal. Permita-me lhe dizer para onde iremos com essa preleção esta manhã de modo que ore por isso e, assim, que você possa, eu espero, vir e me permita concluir, porque não terminei. Se isso é verdadeiro, que Deus é mais glorificado em você quando está satisfeito nele e, por conseguinte, não há tensão ou contradição entre sua satisfação nele e a glorificação dele em você — então, a vocação de sua vida é buscar o seu prazer. Chamo isso de hedonismo cristão e quero falar com você amanhã sobre como você pratica o hedonismo cristão e por que essa prática transformará seus relacionamentos, seus campi, sua adoração e sua eternidade.


1 Conferências da Paixão é uma organização cristã (também conhecida como a Geração 268, originalmente chamada Ministérios de Decisão), fundada por Louie Giglio e Jeff Lewis, em 1997, conhecida por seus encontros anuais para o despertamento espiritual de jovens adultos, mais especificamente estudantes universitários. NT.